
Uma medicina mais lenta e atenta às necessidades individuais de cada paciente, que priorize o diagnóstico clínico – e não os exames – e a prevenção em vez da medicação.
Esses são alguns dos pontos defendidos pelo movimento Slow Medicine (“medicina sem pressa”, em tradução livre), que está cada vez mais ganhando adeptos no Brasil. Trata-se da versão medicinal de uma filosofia que teve origem na gastronomia em 1986, na Itália, e ganhou em 2004 sua bíblia, o livro Devagar – Como um Movimento Mundial está Desafiando o Culto da Velocidade (Record), do jornalista britânico radicado no Canadá Carl Honoré.
Consultas mais demoradas são um dos pilares da filosofia – a idéia é que o paciente seja visto como uma pessoa completa, não como um conjunto de enfermidades -, mas há outros aspectos envolvidos.
Entre eles estão o compartilhamento das decisões, a ênfase na saúde e não na doença e a prevenção como terapia. Diante desse princípio sabemos que a vida está agitada. Que não temos tempo pra fazer tudo o que queremos. Que parece que a velocidade do relógio está aumentada. Mas quando se trata de cuidar de nossa saúde temos que arrumar um tempo para sentar e consultar um médico interessado em ir a fundo na origem do problema, em analisar todas as nossas queixas e não querer tratar apenas uma parte do nosso corpo.
Por mais corrida que a vida seja, temos que reservar 1 ou 2 horas para uma consulta sem pressa, em que se examine o corpo como um todo e que se veja as relações entre as várias articulações.
Por exemplo, a coluna cervical, o pescoço, guarda uma relação muito próxima com o ombro e braço. Assim, como a coluna lombar, tem uma relação muito forte e próxima com o quadril e joelho. Portanto não dá pra avaliar uma região anatômica só, ou uma articulação somente, sem analisar as suas relações, as suas ligações.
A análise do esqueleto como um todo muitas vezes descobre que a dor no ombro tem origem na coluna cervical. Ou que a dor no quadril ou mesmo do joelho tem origem na coluna lombar. Mas para se fazer essa análise somente uma consulta com calma, um exame físico bem feito e a realização de exames voltados para a origem da dor podem fazer realmente um diagnóstico preciso e consequentemente planejar um tratamento efetivo, para a causa do problema ou da dor.